Pappel Amarelo
domingo, 2 de setembro de 2012
A Onda
1,50x45 cm
Acrílico sobre Tela
Ilse Fenner
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Acrílico sobre Tela
Ilse Fenner
Na Feira da Segunda
“Um bom dia e coragem, que hoje é segunda-feira!” Assim se despede o jornalista
no noticiário da manhã, enquanto, longe de estar resignado, Saulo procura a
calça em algum lugar do armário abarrotado. Pior que a segunda é a primeira,
isto é, o malfadado domingo. Ele bem sabe que a véspera é que enseja o desânimo
e alvoroça seus fantasmas. É na expectativa da segunda-feira que lhe deitam os
pensamentos na cama de pregos, não sem antes beberem do cálice da insanidade.
Está amassada e velha, a calça. Raios! Como
não espiar da estreita janela do domingo e alcovitar noite afora as mazelas da
segunda?? Chega a ser uma tentação, segreda. Suspira entediado, de hoje nada
sabe, só está vivo e esbraveja achando apenas um pé de cada meia diferente, que
dificuldade é essa meu deus? Deveria estampar nos out doors da rua: Deixai o
amanhã no amanhã, raios! É de se
imaginar que o presente está longe de exercer sua primazia, é mais um presente
de grego... Sobre o passado, pondera, consigo uma posição mais confortável, de
falar sobre o ocorrido, ah sim.. nele voltamos à posição de senhores do tempo,
detentores do esperado, rechaçadores oficiais da surpresa!! Achei, enfim, não
combinam, mas pelo menos não estão furadas... O futuro? Não, não precisa se
preocupar, sabe que hoje está protegido dele, quando a elucubração pode
deitar-se no estofado das suposições. Mas o presente é o que de fato incomoda,
dele não temos leitura possível, só depois, só no depois. Eis o impasse, o
gargalo e a insuportabilidade, assevera por fim mais conformado à roupa. Quando
olhar no relógio, não vai tomar café, está atrasado e ainda vai perder o
ônibus, mas disso ele ainda não sabe...
Christiane
fins de agosto de 2012
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