Pappel Amarelo
terça-feira, 31 de julho de 2012
Robert Rauschenberg
lleana (Ruminations) 1999
lleana (Ruminations) 1999
Litogravura
QUEIMADURA
Ao falar sobre
o ocorrido, as tias cerram os olhos de pavor e arrepio, ai, só de imaginar a perninha do menino lascada pela água fervente ninguém aguenta.
A irmã escuta
pela enésima vez a mesma história, as interjeições, a indignação e depois de
absorver todos os meudeusdocéucoitadinhoquepecado, se aninha queixosa no colo
da avó.
Na varanda da
casa, o relógio rumina indiferente ao infortúnio do menino, há um cachorro que
late por aí e outro, ao pé da mesa, se refestela com os restos do almoço; uma
gargalhada avulsa vindo do sobrado vizinho enquanto alguém ressona no sofá da
sala.
Daqui a pouco
será esquecido o fato, consumado o choro. A indignação abafada pelos dias que
escorrem do calendário e avançam pelo chão da casa.
E as tias vão falar do
acidente do menino como mais um assunto que disputa o interesse das conversas
domingueiras.
Texto de Christiane Fenner
Pappel Amarelo
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Vitrais da Catedral Notre Dame - Ottawa - Canadá
foto de Ilse Fenner
foto de Ilse Fenner
NÃO
Os pés bóiam
No terreno árido do meu humor
Esmigalham o barro ressequido
Pensamento pesado
Tijolo e cimento
Dia aziago
Por entre os vãos do pensamento
Desliza a sua carne esponjosa
Alargando o chão
Envergando o não
Nem tento
Nem fome
Intento algum me move
Sob o império do não
Sorte tudo ser frugal
E o sol, lá fora, não se importar
Continuar indiferente a refletir desenhos nos vitrais da catedral
Christiane
expediente de 2012
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