Pappel Amarelo quinta-feira, 25 de outubro de 2012


O muro

Parou diante do muro.
Queria ver o que tinha do outro lado
Concentrou-se, inspirou e com os braços estendidos...
Empurrou o muro.
Cantarolou o tema de algum super-herói.
Parou, olhou para o chão
Tentando achar provas de que o muro se mexeu.
Nada.
Cerrou os olhos e encarou o muro
O esforço fez com que cerrasse os dentes (estava feita a careta),
Impedindo-o de repetir o tema do super ser.
Esperou que o muro ficasse transparente
E que o cenário de lá começasse a aparecer.
Nada.
Pular seria a óbvia solução.
Como não pensara nisso antes?
Distanciou-se, preparou-se... e desistiu.
Por que não estava com a sua capa? Pensou.
Seria o máximo vê-la tremulando
Em velocidade máxima.
Voltou à posição heróica
E lançou-se, como um raio
Imaginou-se como tal
E sorriu orgulhoso.
Percebendo o muro crescer,
Diminui a velocidade
E, bem devagar, aproximou-se ,
Encostando a ponta do nariz
No pássaro desenhado no muro.
Percebeu os desenhos.
Desistiu de vencer o muro.
Afastou-se e se imaginou diante de um grande livro...
Começou a inventar uma história
Ligando mentalmente as figuras nele desenhadas.
Quis mais...
Quis participar da história
Chegou-se ao muro e sentou-se.
Fazia, agora, parte das figuras
Gostaria de poder se ver no muro
Como desenho...
Foi então que percebeu
Que conseguiu o que tanto queria:
Ver o que tinha do outro lado do muro...Do lado de dentro.
Sergio Lima

11/10/12
Outono.

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